sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Entrevista a Jiddu Saldanha para o Cine Mosquito

Entrevista feita por email em dezembro de 2008. Foto Ângelo Cuissi.


1 – Como você vê a linguagem cinematográfica explorando os caminhos da literatura?

TV - Como uma tradição do cinema europeu, que transpôs grandes clássicos da literatura para as telas. Vejo com bons olhos e acredito mesmo nesta interação. Muitas obras literárias são, a principio, roteiros perfeitos para a linguagem do cinema. “2001, uma odisséia no espaço”, de Arthur Clark, é um bom exemplo.

2 – Fala um pouco da tua experiência com o audiovisual.

TV - Eu trabalhei em televisão mais de vinte anos produzindo e editando material jornalístico. Sempre gostei da linguagem específica do audiovisual. Comecei antes de existir o vídeo tape, ou seja, eu fazia televisão ao vivo no Paraná. Depois, na TV Globo, no Rio, onde trabalhei por 15 anos, me especializei fazendo diversos programas e exercendo diversas funções. Em Nova York fui chefe de redação do SBT e editor na Globo. Minha experiência nos EUA se concluiu, já na era digital, com três meses de trabalho na CBS Television, onde produzíamos um telejornal em português, apresentado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, que ainda moram por lá.

3 – O que você recomenda como leitura sobre cinema?

TV - Os meus dois livros onde trato da vida e da obra do cearense Luiz Severiano Ribeiro, tanto como construtor da maior cadeia de cinemas (salas de exibição) do Brasil, quanto como produtor de filmes (chanchadas da Atlântida). Recomendo o recém-lançado O Rei do Cinema (Record), que pode ser encontrado em qualquer livraria. Por vários motivos, esta é uma parte da história do Brasil pouco conhecida, apesar da importância.

3 – Quais são ou foram seus filmes e cineastas preferidos?

TV - Meus clássicos eternos: Cidadão Kane, de Orson Wells; Amarcord, de Fellini; Chinatow, Polanski; Apocalipse Now, de Coppola, e Blade Runner, de Ridley Scott. Homenagem especial a Charles Claplin.

4 - Gostaria que você relatasse fatos curiosos sobre salas de cinema, o que te agrada, como você vê a mudança dos interiores e o fato de muitas salas se transformarem em templos, centros de convenções, supermercados, etc...?

TV - Numa certa medida, as salas de projeções acompanhavam a majestosa arquitetura dos cenários de Hollywood. Era o tom grandiloqüente. O Severiano Ribeiro abriu o primeiro cinema em 1917, em Fortaleza. Agora, em 2007, ou seja, noventa anos depois, a empresa administra 210 cinemas em várias cidades brasileiras. A história do livro acompanha a evolução desta indústria. Na virada deste século, os cinemas foram afugentados das ruas e se refugiaram dentro dos shoppings. É a tendência destes tempos inseguros onde todos procuram conforto e comodidade. Sem falar da televisão, que fez diminuir substancialmente as salas de projeções e as poltronas disponíveis. Então, o mundo virtual chegou.

5 – Quem é Toninho Vaz por Toninho Vaz.

TV - Uma pessoa de sorte e feliz, que trabalha muito para manter este estado de equilíbrio. Sou incansável no trabalho e no prazer – e tive talento para encontrar amigos entre os artistas e artistas entre os amigos.

Um comentário:

Daniel Osiecki disse...

Toninho, primeiramente, parabéns pelo livro. Dei uma olhada por cima, pois estive um tanto ocupado com minhas pesquisas pra pós-graduação e com meus alunos. Mas agora nas férias lerei seu livro com prazer. Um grande abraço.