quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Memória analógica II
Eu já era leitor e admirador das crônicas e romances de José Carlos Oliveira quando fui entrevistá-lo em sua casa para a revista Atenção, editada em Curitiba nos anos 70. Chegamos (o fotógrafo Zeka Araújo estava escalado) por volta das 11 horas, como combinado. Era um apartamento típico de solteiro, numa rua interna e tranqüila do Leblon, próximo ao quartel do Exército e sem nenhum sinal de trânsito ou buzinas... Mas o nosso entrevistado ainda estava acordando, cheio de ressaca, a deduzir pela sua exclamação inicial: “Parece que um caminhão de uísque passou sobre a minha cabeça!”. O mais interessante cronista do Jornal do Brasil, capixaba, parecia um carioca da zona sul.
Depois de gravar a primeira parte da conversa na sala do apartamento, abordando origens e lembranças do Espírito Santo, até a chegada ao Rio, decidimos continuar as reminiscências numa mesa de bar. E seguimos para o tradicional Degrau, na Ataulfo de Paiva. Carlinhos pediu um uísque e eu fui de chopinho com mini pasteis (uma especialidade da casa). Ele apenas bebeu.
Carlinhos Oliveira faleceu em 1986 – portanto, quase dez anos depois – em decorrência de problemas com o alcoolismo. Suas últimas crônicas escritas durante o doloroso tratamento, em Paris, ainda estão na minha memória. Aliás, Carlinhos Oliveira não me sai da memória.
Toninho Vaz
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6 comentários:
Bonito, mestre. Carlinhos Oliveira tb não sai da minha memória, desde que li seus livros de crônicas e a bela e dolorosa biografia, "Órfão da Tempestade", de Jason Tércio. Tem uma pequena (apenas no tamanho) crônica dele, chamada "Naquele Natal", que é uma das coisas mais bonitas que já li. Carlinhos Oliveira realmente não sai de nossa memória. E a foto que ilustra o texto do blog é belíssima.
Grande abraço,
Rodrigo Brasil
Grande Toninho,
O Carlinhos realmente era um cara ímpar na paisagem carioca. Também o fotografei para uma revista que não lembro o nome. Nessa época ele tinha mudado do Leblon para Vila Isabel....só isso já foi notícia, pois o homem, apesar de ser capixaba, era a cara da zona sul do Rio.
Eu conheço ele de "Pavão desiludido", li pela primeira vez com uns 14 anos, do meu pai.
Alem das cronicas publicadas no JB (eu era assinante)lembro bem de Paixao e Extase,a historia de amor do bandido 1001 e uma cocotinha de Ipanema. Editora Codecri, do Pasquim.
...beleza
acabo de ler "Aquele Natal"...
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