quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Publicado no blog do cartunista Solda, em 15 de janeiro de 2009.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Entrevista a Gazeta de Alagoas

Entrevista a Janayna Ávila publicada em 21 de dezembro de 2008. Foto Vinicius Alves.


ENTREVISTA COM TONINHO VAZ


1. O que representou a trajetória de Luiz Severiano Ribeiro para a indústria cinematográfica brasileira?

TV - Tanto pela cadeia de cinemas, que se espalhavam do Rio até o Nordeste, quanto pela produção de filmes da Atlântida, que era dirigida pelo filho Ribeiro Júnior, o legado deles foi muito grande. Representou um período muito importante para a implantação e formação de uma platéia brasileira voltada para temas brasileiros. Pouco importa se as chanchadas eram ingênuas, alienadas ou precárias tecnicamente. Elas fazem parte da história do Brasil e tornaram-se fenômeno de massa. A chanchada O Homem do Sputnik, de Carlos Manga, com o impagável Oscarito, foi vista por 15 milhões de espectadores numa época em que o Brasil tinha 60 milhões de habitantes. E basta.

2. Suas salas de exibição também foram um marco arquitetônico, não é mesmo?

TV – Com um detalhe: o Severiano Ribeiro quando abria ou construía um cinema, tornava-se proprietário também do imóvel, criando um patrimônio real e não virtual. Se, por alguma estratégia, ele tinha que fechar um cinema, continuava dono do edifício que por sua vez continuava rendendo dividendos. Era arrojado e gostava de conforto e novidades. Seu primeiro cinema foi aberto em 1917, em Fortaleza, e agora a família comemora 90 anos de trabalho no ramo de entretenimento administrando 210 cinemas. Hoje nas mãos de Luiz Severiano Ribeiro Neto.

3. Por que os cinemas de bairro deixaram de existir no País?

TV – Alguns fatores atuaram para afastar os cinemas das ruas: a televisão, a violência e, por outro lado, a oferta de conforto dos shoppings centers, com bares e lanchonetes ao lado.

4. Por que, hoje, o Grupo Luiz Severiano Ribeiro adota, pelo menos com a imprensa, a política do “nada a declarar” sobre qualquer assunto?

TV – Eu desconheço este fato, sinceramente. Sei que no passado, tanto na época do pioneiro Severiano Ribeiro, como na do seu filho, Ribeiro Júnior, havia uma relação áspera com a imprensa. Eles foram muito criticados quando vieram se instalar no Rio de Janeiro. A imprensa, quase toda dominada pelo Partido Comunista, cobrava seriedade e nacionalismo dos filmes, mas as chanchadas ignoravam estes compromissos. Severiano Ribeiro era empresário. E nisso ele era muito bom. Eu reproduzo uma critica do consagrado Stanislaw Ponte Preta acusando Severiano Ribeiro de querer transformar o cinema numa indústria – meta, hoje, do Ministério da Cultura.

5. Qual o aspecto mais interessante da personalidade de Luiz Severiano Ribeiro que você descobriu?

TV – Mesmo sendo um homem rico, por destino de família, ele começou a vida fabricando e vendendo gelo. Foi gerente de hotel e dono de bilhar. Fez muita coisa até conhecer e se apaixonar pelo cinematógrafo. Paixão que se tornou arrebatadora quando as filas começaram a se acumular nas bilheterias dos cinemas, em Fortaleza. Quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1925, para ampliar seus negócios, acabou se tornando herdeiro das idéias e de cinemas do pioneiro Francisco Serrador, o espanhol, pai da Cinelândia. Com a morte de Serrador, o cearense Luiz Severiano Ribeiro selou a sua sorte e, ainda na década de 40, ficou conhecido como O rei do cinema.


6. Como um homem cujo nome se tornou sinônimo de cinema no Brasil poderia simplesmente não gostar de cinema?

TV – Ninguém consegue explicar. Ele gostava de construir cinemas, equipá-los com as modernidades tecnológicas e ver o povo fazer fila para garantir um lugar nas cadeiras. O destino caprichoso foi dar ao filho, Ribeiro Jr., aquilo que faltava ao pai: eles se completavam, mas não se confundiam.