quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

No Estadão, a repercussão

Darcy toma café com Naná e Carol, 1990. foto toninho vaz

O repórter Jotabe Medeiros, do Estado de São Paulo, se ligou nas denúncias sobre a casa de Darcy Ribeiro em Maricá (tema dos posts abaixo) e publicou matéria na edição de hoje, 24 de fevereiro, Caderno 2. Veja o link:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110226/not_imp684718,0.php

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Casa Darcy – Niemeyer (Hoje)

A casa mantém as paredes intactas, mas o telhado desabou parcialmente. foto toninho vaz

A reportagem vai mostrar o abandono e a promessa de recuperação. foto de Tiuré.

A denúncia feita nesse blog de que a casa projetada por Niemeyer para Darcy Ribeiro, em Maricá, estava desabando, deu resultado. Além da revista d´O Globo, que fez matéria no domingo, 13, com o sugestivo título “Esqueceram de mim”, o jornalismo da TV Record também se interessou pelo assunto. Eles me levaram hoje até a praia do Cordeirinho, onde está o que sobrou da casa, para gravar depoimento que vai ao ar amanhã, terça, no Jornal da Record, 20,30 h. A Prefeitura também se explica. O trabalho foi da repórter Cristiana Gomes.
A informação correta: a casa agora pertence à prefeitura de Maricá que, por um processo de desapropriação, pagou à cunhada de Darcy (Jacy Ribeiro) a quantia de 140 mil reais. E deve ser transformada na Casa do Professor, projeto sob a responsabilidade da Secretaria de Educação do município, que promete acelerar as obras de restauração do mimo. Para saber mais, leia o texto que vem embaixo.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Casa Darcy-Niemeyer

Desenho tosco da casa de Darcy projetada por Niemeyer em Maricá.

A paisagem vista do quarto principal, ao centro do semicírculo: Naná e Carol relaxam. foto toninho vaz.

No domingo da moqueca Darcy, Tizuka e Naná. Carol tenta alcançar a cena. foto toninho vaz

Com Darcy na casa de Maricá. foto de Carol aos 9 anos.

para o acervo Niemeyer

Aconteceu dois anos seguidos, acho que 1989 e 90. Naná e eu juntamos as crianças e o cachorro e fomos passar um mês na casa de praia de Darcy Ribeiro, em Maricá. Em pleno verão. Ele preveniu: “Deixei separados na adega os vinhos que você PODE beber. Os outros são sagrados”. Ficou combinado que ele apareceria num final de semana para um almoço típico praieiro. (E isso aconteceu num domingo, quando ele apareceu com Tikuka Yamazaki para aproveitar a moqueca.)
Afinal, estávamos em frente ao mar, numa pequena e maravilhosa casa concebida pelo gênio de Oscar Niemeyer, que desenhou uma oca cortada ao meio e voltada para o mar, projeto redondo como a piscina que completava o círculo da construção. Em cada extremidade do semicírculo, uma entrada ampla de ventilação, formando um corredor até atingir o outro extremo, onde estava a cozinha, passando por dois quartos e uma sala. Toda branca, caiada. (Veja no desenho tosco que acabei de fazer com o mouse)
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Durante o dia, calor de rachar, à noite uma coberta para se proteger do frio provocado pela ventilação natural. Se o vento estava incomodando, bastava fechar uma porta como se fosse uma eclusa. A mesa de refeições ficava no lado de fora, ligada com a cozinha por uma janelinha na parede. Coisa de gênio.
Pois bem, a foto que ilustra esta crônica foi feita num domingo, logo após uma moqueca que preparei com gosto para o Darcy, na qual derrubamos três garrafas de vinho e fizemos um recital de poesia.
Ele se preparava para ir a Curitiba lançar o livro Confissões, sua autobiografia, e fez a convocatória olhando para mim: “Você, jornalista curitibano, vai na frente preparar a minha chegada. Vamos tentar criar uma agenda de encontros com a imprensa”.
E assim foi. Uma semana depois deste domingo, eu seguia para Curitiba, onde fizemos uma bela festa na enorme livraria Ghignone que existia na Praça Osório. Quando chegou ao mezanino, no alto da escada, Darcy falou para o atento José Ghignone, o livreiro, quase em clima de conspiração, olhando uma pequena multidão logo embaixo: “Lugar bom para se fazer um discurso”.
E Darcy falava para quem queria ouvir: “As elites brasileiras são cruéis, elas asfixiam as massas mantendo-as na escuridão da ignorância. As escolas não cumprem com o papel de educar e preparar os meninos do Brasil. Só vamos acabar com a violência quando resolvermos a questão da Educação”.
Parece que foi ontem.
Isto tudo para dizer que a casa, que nunca foi considerada parte do acervo do Niemeyer, está se acabando à beira mar, abandonada e sem manutenção. Uma jóia.

Toninho Vaz