sábado, 12 de junho de 2010

Memória analógica VI

Da série Coisas de Repórter. No remoto ano de 1970, quando ainda existiam os grandes estúdios de Hollywood, abundavam os coquetéis de celebridades de cinema (hoje são da televisão). A Columbia Pictures, representada por seus diretores americanos, foi anfitriã deste encontro do repórter Toninho Vaz, do Diário do Paraná, com Paulo José, o mais popular ator brasileiro da época – graças aos sucessos de Edu Coração de Ouro e Todas as mulheres do mundo. Estavam presentes o diretor Walter Hugo Khoury, a atriz Adriana Prieto (argentina, já falecida) e o ator Jece Valadão. Foi no Country Clube do Rio de Janeiro. (Fotógrafo não identificado)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Wilson Bueno, alguma memória

No palacete do tico-tico, 2006. Foto de João Santana.

O paranaense Wilson Bueno era daquela espécie rara de escritores cuja vaidade e pudor não permitem raciocínios medíocres ou idéias que não sejam originais. A sua narrativa de vida revelava isso. Desde cedo trilhou um caminho de alta informação literária que o aproximou, antes e depois do Solar da Fossa, de gente como Paulo Leminski, Clarice Lispector, Ligia Fagundes, João Antonio, Caio Abreu e Jamil Snege, seus amigos dentro e fora dos livros. O melhor show do Bueno eram as histórias do cotidiano, que ele contava com impagável humor e apurada técnica de saltimbanco. Na redação de O Globo, nos anos 60, esperava Nelson Rodrigues ir ao banheiro para correr até a máquina de escrever do mestre e arrematar a frase ou raciocínio que tivesse sido deixado na lauda... Uma traquinagem. Apesar de conterrâneo, vim conhecê-lo no Rio de Janeiro, em 1974, na casa de um terceiro conterrâneo, o também jornalista Manoel Wambier. Eu chegava ao Rio e o Bueno fazia o caminho inverso, voltava a Curitiba depois de alguns anos de intensa experiência carioca. “Meu passado me condena”, ele dizia. “Mas meu futuro vai me condenar ainda mais”. Criador do jornal NICOLAU, de saudosa memória, Bueno deixou fixado no meio literário um padrão de competência e bom gosto na escolha de temas e autores. Editado pelo Governo do Estado, NICOLAU tinha independência suficiente para revirar o melhor da literatura mundial e apresentar novos valores. Na condição de correspondente carioca e ao redor do mundo, lembro de ter publicado pelo menos meia dúzia de vezes naquelas santíssimas páginas. Uma das minhas colaborações, a entrevista com Paulo Francis em Nova York, tinha deixado o Bueno, na condição de editor, profundamente vaidoso ao me congratular: “Toninho, meu querido, nunca o Francis condenou a nossa audaciosa entrevista – que o Millôr, em sua coluna no JB, saudou como uma das mais sinceras já concedidas por Francis”. O Bueno morreu no domingo último, dia 30, assassinado em sua casa na Vila Tingui – que ele chamava de Palácio do Tico-tico. Nossa última conversa pelo telefone aconteceu na quarta-feira, quando liguei para dizer que estava indo a Curitiba no dia seguinte, para uma semana de trabalho. “Se tiver tempo eu ligo”, avisei. Ele foi definitivo: “Você sabe que eu não saio de casa. Venha até aqui tomar café comigo... Temos muito que conversar”. Toninho Vaz, de Santa Teresa