sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Extra! Extra! Solar da Fossa

Foto histórica do casarão colonial, feita pelo Malta na entrada do tunel de Copacabana, onde, décadas depois, seria instalado o lendário Solar da Fossa. Hoje temos ali o shopping Rio Sul.

Amigos, leitores, a quem interessar:

O juiz de Direito, Sérgio de Arruda Fernandes, da 21ª. Vara Cível do Rio de Janeiro julgou procedente a ação judicial que, através de minha advogada, Tânia Borges, impetrei contra a editora Record há um ano exatamente. A ação visava impedir que a Record efetivasse a impressão e distribuição fraudulentas do meu livro “Histórias e canções do Solar da Fossa” (título de contrato e de trabalho). Com a informação confidencial de que a editora estava imprimindo 3 mil exemplares do livro, na calada da noite e à revelia do autor, encaminhei pedido de liminar ao juiz que, em prazo de 48 horas, acatou o apelo. Os livros – impressos de maneira tosca e irresponsável (sem fotos e prefácio)– foram interceptados pelo oficial de justiça quando eram colocados nos caminhões para distribuição nacional.
Um ano se passou.
Em sentença datada do último dia 26 de janeiro, o juiz reconhece que houve quebra de contrato por parte da Record, que negligenciou nos prazos preestabelecidos, permitindo que o mesmo perdesse o seu valor. Assim, o autor, Toninho Vaz, por decisão judicial, deve ser empossado de todos os direitos sobre a obra e, para não prejudicá-lo na tarefa de renegociar o livro com outra editora, a Record deverá mandar publicar – por dois dias intercalados –, em jornal carioca de grande circulação, notícia dando conhecimento público da decisão judicial. Em tamanho 20 x 20 cm. O juiz também condenou a ré aos pagamentos de custas processuais e honorários advocatícios.
Aguarda-se a publicação em Diário Oficial, o que deve acontecer na próxima segunda feira, dia 1º de fevereiro 2010.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Memória analógica III


Esta foto feita no pré-carnaval de 1991, durante reportagem para a TV Globo, serve como registro da volta de Paulinho da Viola à Portela, depois de anos de afastamento – período em que se tornou folião, compositor e ritmista da Tradição.
O cinegrafista José de Arimatéia, trocando por um instante de câmera, mostra o estado maior do samba carioca, a partir da esquerda: José Carlos (produtor de TV), Seu Alberto, Argemiro e Casquinha, da Portela; Paulinho da Viola e a turma da Mangueira: Xangô, Comprido e Darcy do Cavaco; e Dulce (produtora).
São grandes nomes da velha guarda das duas escolas, sendo que a Mangueira era a convidada especial de Paulinho para a gravação do seu comentário semanal. Eu era o editor – um curitibano no reino d’África.
Depois da gravação, que aconteceu na quadra da Portela, fomos para um botequim ao lado da escola, em Madureira, onde o samba seguiu o padrão dos bambas. Na mesa, cerveja e linguicinha no palito – nesta época, ainda com trema.

Toninho Vaz

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Memória analógica II



Eu já era leitor e admirador das crônicas e romances de José Carlos Oliveira quando fui entrevistá-lo em sua casa para a revista Atenção, editada em Curitiba nos anos 70. Chegamos (o fotógrafo Zeka Araújo estava escalado) por volta das 11 horas, como combinado. Era um apartamento típico de solteiro, numa rua interna e tranqüila do Leblon, próximo ao quartel do Exército e sem nenhum sinal de trânsito ou buzinas... Mas o nosso entrevistado ainda estava acordando, cheio de ressaca, a deduzir pela sua exclamação inicial: “Parece que um caminhão de uísque passou sobre a minha cabeça!”. O mais interessante cronista do Jornal do Brasil, capixaba, parecia um carioca da zona sul.
Depois de gravar a primeira parte da conversa na sala do apartamento, abordando origens e lembranças do Espírito Santo, até a chegada ao Rio, decidimos continuar as reminiscências numa mesa de bar. E seguimos para o tradicional Degrau, na Ataulfo de Paiva. Carlinhos pediu um uísque e eu fui de chopinho com mini pasteis (uma especialidade da casa). Ele apenas bebeu.
Carlinhos Oliveira faleceu em 1986 – portanto, quase dez anos depois – em decorrência de problemas com o alcoolismo. Suas últimas crônicas escritas durante o doloroso tratamento, em Paris, ainda estão na minha memória. Aliás, Carlinhos Oliveira não me sai da memória.
Toninho Vaz

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Memória analógica I

Meus dois encontros com Pat Matheney aconteceram no Leblon durante a Guerra do Golfo, inicio dos anos 90. Preocupado com a (des) ordem mundial e com a onda de atentados terroristas a alvos norte-americanos, o guitarrista decidiu refugiar-se no Rio, aceitando gentil convite de amiga brasileira. No dia seguinte ao primeiro encontro, registrado pelo fotógrafo José Roberto Serra, fizemos um lanche no Gordon (ele pediu um milk shake), na pequena praça - hoje praça Cazuza. Nas duas conversas falamos de generalidades que renderam uma pequena reportagem chamada Yes, nós temos Matheney, na revista de domingo do Jornal do Brasil. Amigo pessoal do percussionista Marçalzinho, que tocava em sua banda, tornou-se fã da escola de samba Vila Isabel.
(No resto do tempo pela cidade, Pat era visto circulando entre as mesas do Mistura Fina, Jazzmania e People.) Uma temporada que durou três meses.


sábado, 2 de janeiro de 2010

Prefácio

O primeiro trabalho do ano: texto de apresentação do livro de Pablo Treuffar – jovem poeta carioca. Está no prelo.



Dentro de Pablo Treuffar existe um espírito indômito, irreverente e irônico a gritar conceitos e impropérios através de versos livres (de métrica, inclusive) que nos chegam como flagrantes do cotidiano e das emoções do autor. Isso de escrever sem apoio das delongas Pablo Treuffar aprendeu com os mestres que orientam suas leituras – Rubem Fonseca e John Fante, por exemplo.
Sem pressa, mas com alguma urgência, o jovem poeta faz uso do pensamento/discurso na primeira pessoa para oferecer fúria e revolta sempre contundentes. A indignação em primeiro lugar. Os versos de Pablo Treuffar são – não de forma unilateral, pois existem outros atributos – revigorantes de uma energia perdida pelo leitor num passado recente.

Toninho Vaz
(prefácio de A doença é a desculpa do caráter, livro de poemas de P. Treuffar)