Arquitetando memórias
O jornalista Toninho Vaz emplaca seu sétimo livro ao organizar as memórias de seu conterrâneo, o arquiteto, urbanista e político Jaime Lerner.
Por Felipe Pamplona
Antônio Carlos Vaz, 63, como é apresentado neste livro de memórias, é jornalista desde 1969; trabalhou nos principais veículos da grande imprensa carioca e paulistana: Rede Globo, TV Bandeirantes, SBT, Jornal do Brasil, O Globo, Revista Manchete e Istoé.
O jornalista chega à sua sétima publicação; dentre os livros do autor, destacam-se as biografias dos poetas Paulo Leminiski e Torquato Neto e do antropólogo Darcy Ribeiro.1) A Editora Record está lançando a sua mais recente biografia – O que é ser urbanista (ou arquiteto de cidades) – de Jaime Lerner, que segundo afirma em seu blog é o resultado de três grandes entrevistas com o ex-prefeito de Curitiba. Como se deu o processo de registro das memórias profissionais de Lerner ?
Toninho Vaz – Este livro não pode ser considerado uma biografia feita por mim. Na verdade, são as memórias do urbanista Jaime Lerner, do ponto de vista profissional e um pouco mais. Seria mais adequado chamar de autobiografia do Lerner. Eu gravei os depoimentos e depois editei as falas para aglutiná-las por temas. Não fiz muito, apenas ajudei a dar uma forma interessante aos pensamentos e memórias do Jaime. Em jornalismo chamamos de copydesk ou texto final.2) É sabido que o senhor é curitibano assim como Paulo Leminski, um dentre seus biografados, e, agora, Jaime Lerner. A ideia de escrever algo sobre a notoriedade de ambos surgiu a partir de alguma amizade ou identificação?
TV - Este raciocínio vale para a biografia do Leminski, que foi uma iniciativa minha. No caso do Jaime, foi um convite da editora que já desenvolvia uma coleção com este perfil, digamos, profissional.3) Há algum outro paranaense sobre o qual gostaria de escrever?
TV - Nada me ocorre. Não que me falte admiração por alguns conterrâneos, pelo contrário, mas não vou me aventurar em terreno que não me pertence. Mas gostaria de saber mais sobre Bakun e Wilson Bueno, por exemplo.4) Qual o maior desafio ao escrever biografias nestas circunstâncias, ou seja, um personagem já falecido e outro vivo?
TV – O desafio foi o mesmo em ambos os casos: conseguir o equilíbrio necessário para “encontrar” o tônus de cada personagem. No caso do Leminski, como ele era meu amigo próximo, senti mais segurança neste aspecto.5) Se fosse para ter sua biografia escrita por alguém, quem seria?
TV – Ruy Castro, um craque.6) Ruy Castro notabilizou-se como grande biógrafo, alcançando vendas e premiações expressivas de suas principais obras - a Bossa Nova, Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmem Miranda. Castro diz acreditar que o trabalho da biografia fica comprometido quando se escreve sobre alguém vivo. O senhor viveu os dois lados: escreveu sobre pessoas mortas e vivas. Há alguma diferença?
TV – Não considero a livro do Jaime uma biografia, como já disse. Não existe muita pesquisa minha no texto, mas a abundante memória dele, que guarda detalhes até mesmo da infância. Concordo com o Ruy sobre escrever biografia sobre gente viva: fica esquisito.7) Parafraseando o título do livro: o que é ser biógrafo?
TV – Ser biógrafo é pesquisar o suficiente – ouvindo várias fontes – a vida de uma pessoa e depois descrevê-la numa grande reportagem mono temática, bem desenvolvida e equilibrada.
Um comentário:
Beleza, Toninho. Fico sempre meio orgulhosa de você, caro amigo.
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